Saúde mental é importante

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Vamos conversar sobre saúde mental?

Dr. Marcos da Costa Leite

Tire suas dúvidas de Psiquiatria no final desta página

Dr. Marcos da Costa Leite

Psiquiatria Clínica

CRM(SC) 21735 - RQE - 12709

Graduação, Residência Médica, Mestrado e Doutorado pela Universidade de São Paulo

Rua Lucinda Ana de Souza, 190 - sala 2

Centro Histórico - São José - SC

Cel(WhattsApp) (48) 991905051

Atendimento Presencial

Telemedicina

Rua Lucinda Ana de Souza, 190 / Centro - São José - SC

Celular (48) 991905051

CURRÍCULO RESUMIDO

Médico Graduado Pela Universidade de São Paulo

Residência Médica em Psiquiatria Pela USP

Mestre e Doutor Pela Universidade de São Paulo (1996/1999)

Preceptor de residentes no Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (1993-2000)

Perito brasileiro junto à CICAD (Interamerican Drug Abuse Control Comission)/Organização dos Estados Americanos e UNDCP/ Organização das Nações Unidas (2000 – 2001)

Responsável por prevenção e tratamento da Secretaria Nacional Antidrogas da Presidência da República (2000-2001)

Professor Assistente de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC / SP – Responsável pelo programa de Residência em Psiquiatria (2001-2005)

Professor de psiquiatria da graduação da Faculdade de Ciências Médicas da UNINOVE/SP (2010 – 2013)

Perito psiquiatra judicial junto à Secretaria de Estado da Saúde/SP (2001-2015)

Médico radicado em São José/SC desde 2015

ocean waves crashing on shore during daytime
ocean waves crashing on shore during daytime

Quase um terço das pessoas, em algum momento da vida, passa a apresentar dificuldades de sono, transitórias ou mais duradouras, que em muito atrapalham a vida cotidiana por afetarem imediatamente a nossa capacidade de realizar obrigações e tarefas diárias, por causar cansaço, sensação de falta de energia, dificuldade de concentração, sonolência diurna e irritabilidade. Nessa direção, nada mais oportuno do que rever alguns aspectos desse mal que atinge entre 30 e 40% da população brasileira: a insônia. A privação de sono que resulta desta reduz a qualidade de vida e impede a função restauradora que o sono normal propicia.

Definida como dificuldade anormal ou prolongada para adormecer ou manter o sono, é uma das queixas mais comuns apresentadas para psiquiatras, neurologistas, clínicos gerais e psicólogos. As taxas de insônia aumentam com a idade, sendo a terceira idade onde mais frequentemente ocorre (após os 65 anos). A insônia aumenta o risco de manifestação de outras doenças, como hipertensão arterial, diabetes, facilita a obesidade e prejudica o funcionamento do sistema imunológico, aumentando assim o risco de infecções.

Insônia geralmente decorre de fatores precipitantes que incluem, além de idade avançada, história familiar de transtornos do sono, transtornos psiquiátricos (principalmente Depressão e Ansiedade), presença de doenças orgânicas, tabagismo, alcoolismo ou outra dependência química. Há também uma predominância do quadro entre mulheres.

Separa-se a insônia em tipos específicos:

- Insônia inicial: demora de mais de 30 minutos para conciliar o sono;

- Insônia intermediária: despertares durante a noite com dificuldade para voltar a dormir;

- Insônia terminal: despertar mais do que uma hora antes do habitual.

- Insônia mista: combinação entre as anteriores.

São muitas as consequências da insônia, destacamos aqui a cefaleia, diminuição do raciocínio, redução de reflexos e reações mais lentas, aumento de sintomas depressivos, prejuízo de memória, problemas de relacionamento e mesmo aumento dos acidentes.

O diagnóstico é feito pela História Clínica, investigação de hábitos de sono do indivíduo e exame de polissonografia, devendo o profissional afastar ou tratar a ocorrências de problemas físicos ou mentais que estão na raiz da dificuldade de dormir.

Em seguida ao tratamento das condições acima, o aspecto mais importante do tratamento da insônia recebe o nome de “Higiene do Sono”: consiste em relação de hábitos que promovem a saúde com impacto imediato sobre a dificuldade do sono:

· Horários regulares para dormir e despertar;

· Evitar cochilos durante o dia;

· Restringir a cama exclusivamente para dormir ou manter relações sexuais;

· Condições de conforto do quarto, como temperatura amena e pouca luminosidade;

· Tomar um banho morno entre uma e duas horas antes de dormir;

· Prática de exercícios físicos regulares (importante: evitá-los nas seis horas antes da hora de deitar);

· Evitar estimulantes como café, chá preto, nicotina, chocolate e refrigerantes antes de deitar;

· Evitar aparelhos eletrônicos próximos ao local de descanso (televisão, computadores, tablets, telefones ou celulares, por exemplo); dar preferência a leitura, ouvir música ou outra tarefa que produza relaxamento;

· Se for para a cama e não dormir, evitar permanecer no quarto, ocupando-se como descrito no item anterior.

Técnicas de relaxamento, com o objetivo de eliminar tensão corporal e reduzir a ansiedade geralmente tem sucesso no tratamento da insônia. Em casos mais difíceis utiliza-se a estratégia de Restrição de Sono: apenas ir para a cama quando o sono já se faz presente, nos primeiros dias começar com poucas horas de sono, que são gradualmente aumentadas até estabilizar um período que seja suficientemente restaurador para as atividades do dia-a-dia.

Medicações para correção de insônia podem ser usadas, com muito critério, em casos mais severos ou que não melhorem com as estratégias descritas, sempre respeitando a máxima de prescrever dose mínima pelo menor prazo possível. Infelizmente, por uma série de razões, o que verificamos é uma inversão da rotina detalhada acima, com o uso precoce de diversas medicações disponíveis que, não apenas ajudam a piorar ainda mais o padrão de sono após algumas semanas de uso como também incorrem no risco do desenvolvimento de Síndrome de Dependência.

INSÔNIA: O TERROR DA FALTA DE SONO

Casal jantando em casa após dia exaustivo de trabalho. Sem assunto, a esposa pergunta: “Sabia que a vizinha levou a filha adolescente ao psiquiatra?”. Marido responde: “e daí?”, ao que ela prontamente acrescenta, “tão novinha para começar a usar drogas” ...

Preconceito é a melhor forma de caracterizar esta confusão entre medicamentos psiquiátricos(psicofármacos) e drogas. Infelizmente algumas pessoas ainda creem, em pleno século XXI, que medicação psiquiátrica é uma substância que vai “dopar”, “anestesiar”, “deixar abobado”, “causar dependência para sempre”. Nada mais falso.

Psicofármacos são agentes químicos que atuam sobre o cérebro (sistema nervoso central), modificando processos mentais de forma terapêutica, atuando, principalmente, sobre a consciência, percepção, sensações e sobre o comportamento. Como todos os remédios, foram desenvolvidos para tratar doenças, os transtornos psiquiátricos.

Droga, por sua vez, é termo que tem um caráter muito amplo, sendo frequentemente para designar substâncias cujo consumo possa levar ao desenvolvimento de Síndrome de Dependência. São consideradas drogas o álcool, o tabaco, alguns medicamentos (quando utilizados indevidamente) e aquelas chamadas ilícitas.

Medicações que atuam sobre os transtornos psiquiátricos vêm sendo desenvolvidas há menos de 70 anos, inicialmente pelo surgimento de antipsicóticos (drogas capazes de eliminar alucinações e delírios), seguidos por antidepressivos, estabilizadores de humor e medicamentos utilizados para controle de ansiedade, constituindo a maior parte do leque farmacológico psiquiátrico. Neste mesmo período observamos uma mudança importante não apenas na qualidade de vida de indivíduos afligidos, mas também a possibilidade de retorno ao convívio social, de forma autônoma e produtiva, de indivíduos que, sem os remédios, teriam passado grande parte de sua vida internados em instituições psiquiátricas. A ciência vem nos trazendo avanços importantes, tais como maior eficácia e menores efeitos colaterais indesejáveis.

Psicofármacos são, portanto, instrumentos valiosos de tratamento psiquiátrico, muitas vezes indispensáveis e grandes aliados do trabalho psicoterapêutico e no aproveitamento de estratégias psicossociais. Não confunda mais remédio com droga...

PSICOFÁRMACOS? DROGAS?

Demências

Demência, palavra originária do Latim com o significado de “sair (ou fora) da mente”, ou seja, perda da função cerebral. Na Medicina é uma síndrome neuropsiquiátrica caracterizada pelo prejuízo das capacidades intelectuais e declínio do funcionamento do indivíduo. Melhor definida como uma Síndrome, é causada por um grande número de doenças e condições, cada qual determinando o curso da patologia (transitória, progressiva e/ou permanente). Não deve ser confundida como efeito do envelhecimento, possuindo sintomas e sinais muito característicos e diferentes. Apesar da maioria das pessoas com Demência ser idosa, é importante salientar que nem todas as pessoas idosas desenvolvem Demência e que esta não faz parte do processo de envelhecimento natural. A demência pode surgir em qualquer pessoa, mas é mais frequente a partir dos 65 anos. Em algumas situações pode ocorrer em idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos.

A Organização Mundial da Saúde a define como síndrome devida a uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual há comprometimento de numerosas funções corticais superiores, tais como a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizagem, a linguagem e o julgamento. Além disso geralmente é acompanhada por perda do controle emocional, do comportamento social e da motivação. Entre 7% e 9% da população acima de 65 anos é diagnosticada com algum tipo de Demência, taxa que cresce com a progressão da idade, chegando a 55% dos indivíduos acima de 95 anos. Existem, entretanto, cerca de 50 causas diferentes de Demência, apesar da Doença de Alzheimer ser sempre a mais lembrada.

Genericamente podemos dividir o grupo das Demências em dois tipos: Potencialmente Reversíveis (como a causada por depressão severa, intoxicações, alcoolismo, deficiências vitamínicas e infecções, principalmente) e Irreversíveis, como a conhecida Doença de Alzheimer e a Demência de origem vascular, duas etiologias responsáveis por cerca de 90% das demências irreversíveis.

As Demências costumam se desenvolver insidiosamente, os sinais preliminares usualmente são negligenciados ou atribuídos erroneamente ao envelhecimento normal ou mesmo o indivíduo pode apresentar quadro psiquiátrico antes da manifestação dos sintomas apresentados acima. Nos primeiros estágios o único sintoma pode ser uma mudança sutil na personalidade do paciente, diminuição da gama dos interesses, desenvolvimento de uma apatia ou de emoções lábeis ou rasas. Depressão, quadros de agitação psicomotora e mesmo psicose acompanhada de alucinações podem também ocorrer e mesmo anteceder o comprometimento mnésico. Além disso, as habilidades intelectuais são afetadas de forma gradual, quando o indivíduo geralmente não se dá conta da perda inicial, que se manifesta primeiro em tarefas de alto desempenho (p.ex. no trabalho – um engenheiro, por exemplo, em cálculos avançados).

No aspecto psiquiátrico, o paciente demenciado pode apresentar uma série de sintomas comportamentais ou do modo de ser (personalidade): pode se tornar agitado, apático, desinteressado, isolado, insone, desinibido, inadequado e até agressivo, todas estas situações de muito difícil controle por parte da família. Mais graves ainda quando se sobrepõem sintomas delirantes (p.ex. achar que está sendo roubado, perseguido ou enganado) ou mesmo alucinações, sendo mais usuais as que envolvem audição ou visão. Muitas vezes pacientes nessas condições são admitidos em enfermarias psiquiátricas, tanto para o controle como para o diagnóstico do quadro clínico. Não existe um exame específico para fazer o diagnóstico da Doença de Alzheimer ou para a maioria das outras formas de Demência. A Medicina utiliza vários exames e avaliações para determinar se os sintomas se encaixam em certos critérios que possam ser corrigidos a tempo e para excluir outras causas possíveis para esses sintomas, como por exemplo tomografia de crânio ou ressonância magnética, diversos exames de sangue e mesmo teste neuropsicológico, este último fundamental para determinação da extensão do comprometimento intelectual e funcional do paciente, orientando as melhores estratégias terapêuticas psicológicas.

O tratamento deve ser instituído imediatamente após a determinação da causa do quadro demencial. Alguns casos de Demência potencialmente reversível o paciente tem a possibilidade de retornar completamente à normalidade, se o tratamento da causa for realizado em tempo hábil. As formas irreversíveis também necessitam de emprego imediato de tratamento, desta feita para evitar ou postergar a evolução da condição (geralmente progressiva). Por exemplo, diversos medicamentos foram desenvolvidos para a Demência de Alzheimer nas últimas décadas e estes mostram como resultado a melhora da qualidade de vida e menor velocidade do comprometimento intelectual.

Os cuidados com o paciente portador de demência, no entanto, não se restringem aos cuidados médicos-farmacológicos disponíveis. A Neuropsicologia tem importante papel no tratamento do paciente com quadro demencial, principalmente no auxílio para que possa retomar determinadas capacidades perdidas. A família do paciente deve, igualmente, ser foco primordial no tratamento, recebendo orientações corretas sobre a patologia e seu tratamento, bem como na atenção para aspectos emocionais e de relacionamento com o indivíduo portador do quadro demencial, o que pode ser obtido pela indicação, por exemplo, de psicoterapia familiar. Cuidados de enfermagem, bem como em alguns casos a presença de acompanhante terapêutico, são também fundamentais para o controle dos sintomas. Abordagem social em muito auxilia familiares a lidar com o paciente. No caso de complicações psiquiátricas graves e intensas, por exemplo devido à agitação, psicose ou mesmo insônia resistente, pode haver a indicação temporária de internação hospitalar ou mesmo em instituições psiquiátricas devidamente preparadas para o controle destes quadros.

Frente a um paciente que apresenta quadro sugestivo de processo demencial, o mais importante é o encaminhamento o mais brevemente possível para avaliação psiquiátrica e neurológica, com a finalidade de diagnosticar a causa provável e instituir tratamento individualizado o mais depressa possível, aumentando a qualidade de vida, as capacidades funcionais e a convivência do paciente entre seus entes queridos.

Os dois transtornos que enfocaremos são relacionados a eventos que representam grandes estresses, usualmente decorrentes da ocorrência de eventos muito significativos, como catástrofes, acidentes, morte de pessoas próximas e mesmo estupro. O Transtorno de Estresse Agudo (TEA) pode ocorrer em qualquer indivíduo que passe por uma destas situações, mesmo que não tenha qualquer predisposição ou antecedentes psiquiátricos – depende exclusivamente do impacto da intensidade do evento no funcionamento mental.

Os sintomas do TEA, geralmente começam após poucos minutos da ocorrência, tipicamente incluindo um estado inicial de atordoamento, diminuição da atenção, estreitamento do campo da consciência, depressão, raiva, desespero, incapacidade de compreender estímulos e desorientação. Agitação, sintomas de ansiedade, hiperatividade e mesmo amnésia parcial ou completa costumam ocorrer e caracteristicamente se resolvem em 2 a três dias após o fato. Sua principal consequência, caso não tenha espontânea remissão, é o desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT).

Já o TEPT é um quadro psiquiátrico mais grave e duradouro, cujos sintomas persistem por pelo menos um mês após o evento desencadeante. Os sintomas interferem significativamente no funcio­namento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Os sintomas incluem Revivescência do evento (memórias intrusas do acontecimento – “flashbacks”) ou sonhos ocorrendo em um estado de debilidade emocional (entorpecimento e embotamento) e afastamento de outras pessoas, mesmo as mais próximas. Redução ou mesmo falta absoluta de prazer nas atividades antes prazerosas é comum, levando o indivíduo a evitar e abandonar qualquer situação que relembre o trauma original. A excitabilidade aumentada reflete a ocorrência de sintomas físicos (reação de choque aumentada: sudorese, palpitações, palidez, enjoos etc.) e insônia. É um quadro dramático e muito incapacitante que deve ser tratado imediatamente, sob o risco de cronificação, com consequência o desenvolvimento de depressões e diversos transtornos de ansiedade (pânico, fobia, ansiedade generalizada e mesmo transtorno obsessivo-compulsivo) e mesmo tentativas suicidas.

Nos últimos anos vários tratamentos vêm sendo aplicados com sucesso para os portadores destas duas síndromes, tanto medicamentosos como psicológicos, ao contrário do senso geral que ainda permanece de “esperar que o tempo resolve”.

Transtorno de Estresse:

TEA -Transtorno de Estresse Agudo

TEPT - Transtono de Estresse Pós-traumático

ANSIEDADE

A palavra "ansiedade" tem origem no latim anxietas, que significa “angústia" e de anguere = “apertar", "sufocar”. Sensação que está presente em todo ser vivo é importante ferramenta para defesa e autopreservação.

Por exemplo, quando um indivíduo está em uma situação de perigo extremo, sua "química" é disparada, no corpo e no cérebro. Uma explosão em uma multidão: seu coração dispara, começa a suar, vista fica turva, então sai correndo. Se o sujeito vê um outro correndo em sua direção, portando uma faca, a reação o prepara para enfrentar a ameaça (ou para fugir da situação). É a reação de 'LUTA OU FUGA', presente em quase todos os organismos vivos. Porém, quando essa reação é exagerada, constitui um grupo de transtornos psiquiátricos mais frequentes. Aliás o Brasil tem os maiores índices dessas doenças em todo mundo, de acordo com o último boletim da Organização Mundial da Saúde.

Os mais comuns Transtornos da Ansiedade são a Síndrome do Pânico, as Fobias, o Transtorno de Ansiedade Generalizada e os Transtornos Mistos (associação de ansiedade com outros sintomas psíquicos, principalmente depressivos), presentes em quase 20% da população brasileira (cerca de 40 milhões de pessoas). Vamos discutir em separado cada um destes tópicos.

Os sintomas de uma crise de ansiedade caracteristicamente incluem aspectos físicos e psíquicos: taquicardia, tensão muscular, formigamento nas mãos e pés, falta de ar e respiração acelerada, tontura, náusea, sensação de que está doente ou que você pode morrer, opressão/aperto no peito, agitação, sensação de perder o controle e/ou “enlouquecer”, ter a sensação de que as pessoas estão olhando para você e observando a sua ansiedade, sentir como se quisesse fugir / escapar da situação e sensação de estar permanentemente em “estado de alerta”. Essa crise pode durar apenas alguns minutos ou até mesmo persistir por vários dias, com característica de repetição.

As consequências biológicas mais comuns da ansiedade incluem prejuízo do sistema imunológico, aumento do risco para doenças cardíacas, cefaleia, prejuízos no sono e problemas digestivos. Correlaciona-se, também, com o desenvolvimento de Transtornos Depressivos (incluindo até tentativas suicidas) e com o uso excessivo de álcool, drogas ou de medicamentos, fator que causa intensificação do quadro ansioso preexistente. O sintoma comportamental mais comum é a evitação de determinadas situações ou lugares onde ocorrem as crises, podendo ter como consequência o desenvolvimento de Transtorno Fóbico, outra doença associada.

Coleção? Mania? Será TOC?

Muitos de nós tivemos, durante um período da vida, o hábito de colecionar. Papéis de carta, brinquedos, chaveiros, moedas, selos são itens comuns de coleção. O colecionar é considerado positivo durante o crescimento, promovendo capacidades como organização, classificação e cuidados para a manutenção. Algumas pessoas mantém o hábito durante toda a sua vida, têm “MANIA” de colecionar, as vezes gastando consideráveis quantias com suas coleções. Mas colecionar é TOC?

Outras pessoas quando entram em um ambiente sentem-se compelidos a ajustar quadros ou imagens nas paredes, colocar livros em determinada ordem, não podem ver sujeira no chão que se apressam em limpar, arrumar, organizar. Costumam falar que se sentem mal se não fazem, não conseguem nem pensar em outra coisa. Será que essas “manias” também são TOC?

A resposta simples a essas perguntas é NÃO, porém, para sermos sinceros, existem exceções, situações quando os hábitos passam a ter uma prioridade sobre as responsabilidades e obrigações do indivíduo, tomam tempo excessivo ou levam a prejuízos em sua vida. Nos indivíduos doentes o processo mental também se encontra desarranjado, com o surgimento de ideias fixas, repetitivas, insistentes e impertinentes que atrapalham os processos de atenção, pensamento e até de memória. Nestes casos o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) deve ser levado em consideração.

O nome do transtorno enfoca os dois principais sintomas: OBSESSÃO (ideia intrusiva e/ou catastrófica) e COMPULSÃO (comportamentos e/ou processos mentais, utilizados para alívio das obsessões). São muito mais intensos do que os comportamentos normais semelhantes aos descritos no início, causam intenso mal-estar, tendência a evitar situações, relacionam-se com queda de rendimento no trabalho ou estudo, perturbação da vida familiar, isolamento social, depressão e mesmo suicídio. Atinge cerca de 2% da população, geralmente tendo início entre a adolescência e os 25 anos de idade. Alguns casos tem os sintomas já na infância.

Com um curso crônico (períodos de piora e melhora), é possível com o tratamento obter controle de sintomas e promover melhor funcionamento e qualidade de vida para o indivíduo doente. Desde o século passado vem sendo desenvolvidos tratamentos para atenuar os sintomas e se recuperar de suas consequências. Psicoterapias e tratamento medicamentosos são as principais formas terapêuticas. Casos graves podem necessitar tratamento em internação hospitalar.

Anacleto é um adolescente com 18 anos de idade, bom aluno, cursando o último ano do Ensino Médio. Há quatro meses decidiu não ir mais às aulas, passando todo o tempo isolado, trancado em seu quarto, fazendo mesmo suas refeições ali, com quase nenhum contato com seus pais, também. Nestes meses veio trocando o dia pela noite, falando e mesmo gargalhando sozinho, como se estivesse com outra pessoa. Perguntado, dá evasivas, sua mãe afirma não conseguir entendê-lo, “aparenta estar com as ideias “embaralhadas”. Há uma semana seu comportamento mudou, saindo logo cedo de casa, voltando um a dois dias depois, todo sujo, machucado e com feridas no pé. Ontem, quando seu pai quis impedir que saísse de casa, Anacleto começou a xingar, ameaçando seu pai, conseguindo sair de casa. Ao retornar, no dia seguinte, é trazido ao psiquiatra. Na consulta, A. diz que as pessoas querem lhe fazer mal, até matá-lo. Também informa que “tem duas pessoas na minha cabeça, me xingando, rindo de mim e me ameaçando”. Indicada sua internação, a mãe acata e pergunta: “o que é doutor? Pode ser esquizofrenia?”.

ESQUIZOFRENIA é uma entre as mais graves síndromes médicas, de causa ainda desconhecida, atingindo cerca de 1% da população e com início de sintomas entre os 15 e os 25 anos. Suas principais características estão elencadas acima: alucinação (na vinheta: “ouvir vozes”), delírios (“ter certeza que está sendo perseguido”, apesar de dados de realidade em contrário), desorganização de pensamento e mudanças intensas e abruptas de comportamento (agressividade).

Antigamente foi uma doença considerada intratável. Nos últimos 65 anos, porém, houveram imensos avanços no tratamento, através do desenvolvimento de medicações e tratamentos psicossociais. Embora ainda não haja uma “cura”, muitos dos sintomas acima remitem com o tratamento, possibilitando ao paciente o retorno a uma vida ativa e produtiva. Nos momentos de “doença ativa”, chamada de SURTOS pela Psiquiatria, pacientes podem necessitar períodos de internação hospitalar (principalmente ao colocares si mesmos e/ou pessoas próximas a situações de risco intenso. Os hospitais psiquiátricos contemporâneos promovem atenuação mais rápida dos sintomas, em comparação ao tratamento em outras modalidades, pela possibilidade de início imediato de terapias medicamentosas e psicossociais, constituindo peça fundamental para o correto diagnóstico, ajustes terapêuticos, recuperação e preparação para continuidade de tratamento no consultório.

Esquizofrenia

FOBIAS: Você tem medo de quê?

Apesar de conceitos semelhantes, MEDO e FOBIA apresentam diferenças marcantes, podendo ser considerados extremos opostos. Medo é usual, adaptativo e até desejável, com a função de prevenir e preparar o indivíduo para um possível perigo. Fobia, por outro lado, é claramente prejudicial, paralisante e de impossível controle, de forma que sempre é patológica.

MEDO é uma reação natural de muitos seres vivos, caracterizada pelo aumento da atenção, da liberação de adrenalina (tanto no cérebro como no corpo), ocorrência saudável e adaptativa caracterizada por resposta a eventos que constituem ameaça para o sujeito. FOBIA, no entanto, é uma categoria diferente, representada como um medo irracional e insuperável, geradora de sintomas físicos e psíquicos muito acentuados, sofrimento e incapacidade para atos que a maioria dos seres humanos consegue desempenhar, como por exemplo falar em público, viajar de avião, permanecer em locais cheios ou ter proximidade com objetos, estados da natureza ou animais.

Muitas pessoas consideram erroneamente fobias como “frescura” ou “vontade de chamar atenção”, ignorando que o indivíduo que apresenta esse transtorno apresenta, além de vergonha e sofrimento, consequências muito maiores por seu curso crônico, resultando em prejuízos sociais e laborais, ataques de pânico sempre que confrontados com a situação fóbica, limitações cotidianas acarretadas pela incapacidade até mesmo o desenvolvimento de abuso de álcool ou Depressões clínicas, estas relacionadas a incremento do risco de morte.

As fobias são as mais frequentes patologias entre todas as doenças médicas. Mesmo psiquiatras experientes ficaram surpresos em meados da década de 1980, quando um estudo científico amplo demonstrou que uma em cada cinco pessoas sofre de alguma fobia a qualquer momento. A maioria destes, no entanto, só procura tratamento tardiamente, já apresentando diversas consequências e complicações dentre as destacadas no parágrafo anterior. Ou seja, já evidentes as limitações cotidianas tanto ao paciente como para as pessoas que o cercam, que podem incluir mesmo perda de emprego ou solidão pronunciada. Essa demora para procurar e obter ajuda é determinante para demora da resposta e dificuldade terapêutica. Mas a boa notícia: toda fobia é tratável, como veremos abaixo.

As mais frequentes fobias são a FOBIA SOCIAL (intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à avaliação de outras pessoas, ainda que não se estenda a todas as funções que uma pessoa possa desempenhar) e AGORAFOBIA (o distúrbio de ansiedade que, na maioria das vezes, está associado às crises de pânico). Formada por dois radicais gregos – ágora, nome dado às praças onde se realizavam trocas de mercadorias ou reuniões do povo e fobos, que quer dizer medo, – inicialmente, a palavra era empregada para indicar o medo que as pessoas sentiam em lugares abertos, atualmente significando também comportamentos de esquiva ou fuga que aparecem quando a pessoa se encontra em situações ou locais dos quais seria difícil ou embaraçoso escapar ou mesmo receber socorro se algo de errado acontecesse). A essas duas se acrescentam diversas fomas, denominadas de acordo com o objeto ou situação fóbicas, descritas na tabela abaixo:

FOBIAS ESPECÍFICAS COMUNS

ACROFOBIA

Altura, lugares altos

ALGOFOBIA

Dor, injeção

ASTRAFOBIA

Raios e trovões

CLAUSTROFOBIA

Lugares fechados

HIDROFOBIA

Água

MONOFOBIA

Estar ou ficar sozinho

MISOFOBIA

Contaminação ou germes

NICTOFOBIA

Escuridão, noite

OCLOFOBIA

Multidões

PATOFOBIA

Doenças, hospitais

PIROFOBIA

Fogo

ZOOFOBIA

Animais

O tratamento adequado das fobias mostra excelentes resultados, com o controle e superação das fobias através de terapias psicológicas que comumente são associadas a medicamentos para a atenuação dos sintomas físicos e do sofrimento causado pela exposição aos eventos fóbicos, bem como a atenuação ou completa eliminação das complicações que o paciente apresenta, como por exemplo a Depressão.

TRANSTORNO DE HUMOR BIPOLAR (THB)

Quatro a cada 100 indivíduos são portadores de THB. Já foi antigamente chamada de Psicose maníaco-depressiva, depois Transtorno afetivo bipolar até chegar ao THB. Trata-se de um transtorno psiquiátrico bastante grave que, algumas vezes, se não tratado pode levar ao suicídio, à ruína financeira e moral, rompimento de relações familiares, entre as principais consequências.

Foram descritos e classificados pela primeira vez em 1890, quando um importante psiquiatra alemão separou os casos de Esquizofrenia daqueles que eram portadores de THB. Os indivíduos portadores, naquela época, costumavam a ser “tratados” em hospitais ou manicômios (lembremos que até a metade do século passado nenhum tratamento se mostrava eficaz para o tratamento do transtorno).

Apesar de ser chamada de BIPOLAR, o indivíduo apresenta três tipos de fases durante a vida: períodos de DEPRESSÃO, outros de completa normalidade e ainda fases de euforia patológica (MANIA). Essas fases costumam durar períodos longos, entre semanas e muitos meses, caracterizando oscilações de humor doentias. As chamadas “oscilações de humor” significam alternâncias entre os chamados estados de mania, hipomania (euforia pouco mais branda) e depressão.

A Depressão tem como principais sintomas a perda (ou redução) do prazer nas atividades que o sujeito antes fazia, uma tristeza “diferente”, mais intensa e duradoura, falta de energia e disposição para cumprir suas funções, tendência ao isolamento, prejuízo de memória e concentração, insônia ou sono excessivo, perda (ou ganho) de apetite e peso, preocupações constantes, pensamentos sombrios, de morte ou mesmo suicídio. Uma série desses sintomas tem que estar presente por pelo menos 2 semanas para que o diagnóstico de um episódio depressivo possa ser firmado. Sintomas causam grande sofrimento e às vezes impedem que o deprimido possa cumprir com suas responsabilidades (trabalho, família, compromissos sociais etc.).

Já na Mania os sintomas precisam durar uma semana ao menos: um humor excessivamente feliz, com extrema euforia, sensação de energia, agitação, delírios de grandeza (acreditar erroneamente que irá ganhar uma fortuna, herança, ser reconhecido como um “ser” especial) e pouca necessidade de dormir. A pessoa pode se distrair facilmente, falar muito e bastante rápido, mudar constantemente de assunto quando fala, não conseguindo nem terminar um pensamento). Pode se sentir perseguido por outros, ter pouco controle do temperamento e apresentar compulsão alimentar, beber demais e/ou uso excessivo de drogas. Além disso, pode manter relações sexuais com vários parceiros e gastar dinheiro excessivamente.

O tratamento do THB deve SEMPRE incluir medicamentos dirigidos para a estabilização do humor, que se mostram eficazes para controlar os sintomas e trazer o indivíduo de volta a seu normal. Estes estabilizadores de humor também funcionam muito bem para evitar novas fases patológicas (mania ou depressão), devendo por esta razão, ser usados durante toda a vida do portador de THB.

silhouette photo of man on cliff during sunset
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Entrevista

Dr. Marcos, o que é Psiquiatria?

R: Psiquiatria foi a segunda especialidade criada na Medicina para tentar compreender e efetivamente tratar as “Doenças Mentais” (hoje chamados Transtornos Mentais e de Comportamento), antes do ano de 1800. Compreende uma variedade de quadros clínicos: deficiência intelectual, demências, psicoses, dependência de substâncias, ansiedade e transtornos de humor, da infância e adolescência entre os mais frequentes.

P: O que são as Doenças Mentais?

R: Estima-se que uma em cada quatro pessoas terá, durante a vida, um Transtorno Psiquiátrico; compreendem as condições nas quais um conjunto de sinais e sintomas conduzem a grande sofrimento e/ou incapacidade para realizar seus papéis na vida (familiar, trabalho, estudo, convivência social etc.). O sofrimento é sempre do indivíduo, mas muitas vezes se estende para o círculo mais próximo do portador do transtorno mental e de comportamento (TMC). São incluídos na Classificação Internacional das Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde).

P: E sobre os tratamentos?

R: Desde sempre foram tentados incontáveis métodos para aliviar o sofrimento dos que padeciam desses transtornos. Os antigos egípcios às vezes perfuravam crânios de portadores de doenças mentais, tentando sua recuperação. Vale dizer que no primeiro século de sua existência (anos 1800) os tratamentos se mostravam inúteis, às vezes prejudiciais, frequentemente se resumindo a isolar o paciente do convívio social. A partir da virada do século XIX para o vigésimo, terapias de cunho psicológico começam a se desenvolver e desde a década de 1920 surgem os tratamentos médicos propriamente ditos.

P: Quais os principais tratamentos médicos na psiquiatria?

R: As ferramentas do médico psiquiatra compreendem várias modalidades de tratamento, desde o uso de remédios, aplicação de demais tratamentos biológicos e, quando devidamente treinado, aplica métodos terapêuticos psicológicos, para citar alguns. Os remédios surgem na década de 1950 e vem continuamente evoluindo, com o surgimento constante de novos medicamentos. O mesmo acontece com demais terapias (eletroestimulação, eletroconvulsoterapia etc.)

P: Onde buscar tratamento?

R: O Sistema Único de Saúde atende a população brasileira portadora de TMC, com grande dificuldade, mínima variedade de medicamentos e pouca abrangência (atendem parte pequena da população necessitada). Geralmente casos são atendidos por profissionais sem a especialidade psiquiátrica. Para os indivíduos que possuem convênio ou seguro-saúde, o atendimento psiquiátrico está incluído, desde a emergência psiquiátrica, atendimentos ambulatoriais e até mesmo tratamentos em regime de internação. E também nos consultórios (chamados particulares), onde acredito que o portador e sua família têm o tratamento mais próximo e frequente do psiquiatra, que tem mais tempo a dedicar para os pacientes em tratamento e suas famílias.

ALUCINAÇÃO

Os órgãos dos sentidos são responsáveis pela geração de sensações que são originados de estímulos externos variados. Assim tato, audição, visão, mesmo paladar e olfato são os meios de comunicação com o mundo exterior. Através dos olhos que percebemos e registramos o que estamos vendo; na língua o estímulo da comida faz com que o cérebro reaja com a sensação do prazer de comer. Os processos envolvidos neste mecanismo são bastante complexos, envolvendo séries de neurônios desde os ÓRGÃOS DOS SENTIDOS, até atingir partes do sistema nervoso central responsáveis pelo reconhecimento e armazenamento destes estímulos. O conjunto da análise desses estímulos é que podemos chamar de REALIDADE, o produto da somatória das funções cerebrais, com a vantagem de poder ser compartilhado com outros indivíduos. Esse é o processo normal. Algumas pessoas, porém, por razões ainda não totalmente esclarecidas, passam a detectar irrealidades no mundo externo, SEMPRE a partir de estímulos provindos das estruturas responsáveis pelas sensações.

Esses indivíduos, então, passam a afirmar que ouvem vozes (mesmo quando estão sozinhos), podem ver objetos (ou mesmo pessoas) inexistentes, sentem cheiros que não são perceptíveis para as pessoas à sua volta. Algumas vezes o relato é de ter o corpo tocado ou de mudança do sabor de alimentos. Todos esses casos representam ALUCINAÇÕES, e definidos como ANORMAIS, indicativo de distúrbios nervosos ou cerebrais. Popularmente se diz que um indivíduo está “alucinado” quando não tem controle sobre suas ações, pensamentos e sensações, agindo assim como louco; explicado a origem do termo. Ter alucinação geralmente representa o maior sofrimento possível para um indivíduo, que pode apresentar reações de terror, suspeita, desconfiança, agressividade e mesmo impulsos para cometer suicídio.

A psiquiatria, desde seus primórdios, reconhece as alucinações como um dos principais sinais de desequilíbrio mental. Porém, como tempo mostrou desde então, verificou-se que alucinações podem estar presentes em uma grande variedade de doenças, principalmente esquizofrenia, transtorno bipolar, depressões, quadros que são originados por doenças físicas (como demência, derrame cerebral ou até sífilis). Medicações eficazes para a extinção ou redução das alucinações foram desenvolvidas nos últimos 50 anos, possibilitando a recuperação, às vezes plena, do indivíduo acometido.

Alucinações são assim sintomas muito graves, que às vezes indicam tratamento imediato em regime de internação hospitalar, principalmente para a proteção do próprio paciente (e seus familiares), mas principalmente para início de tratamento farmacológico, psicoterapia intensiva, organização pessoal e assistência social.

VAMOS FALAR SOBRE OS MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS

Antidepressivo são definidos como “substâncias consideradas eficazes na remissão de sintomas característicos da síndrome depressiva”. Ao contrário da própria Depressão estas moléculas têm uma história muito curta, menos de 60 anos, fato que contribui para o desconhecimento de suas virtudes, bem como grande confusão acerca de mitos e inverdades relacionadas a estes.

Apesar da Depressão ter sido durante muito tempo considerada uma “doença da alma”, pesquisas demonstram a ocorrência de desequilíbrios biológicos, mormente bioquímicos (de neurotransmissores), em pacientes que passam a apresentar tristeza exagerada, falta de ânimo ou prazer nas atividades, ausência de ânimo e energia, alterações marcantes de sono e apetite, diminuição pronunciada de concentração e memória, ideias de autocomiseração e pensamentos de morte ou mesmo tentativas suicidas, sintomas que caracterizam a síndrome depressiva. É uma condição das mais frequentes, afetando cerca de 10% dos homens e 25% das mulheres em algum momento de suas vidas. Depressão é considerada a segunda maior causa de custo social entre todas as doenças.

Antidepressivos não causam dependência. Como todo medicamento, possuem efeitos colaterais (na maior parte dos casos bastante suportáveis), com indicações precisas e respeitável taxa de sucesso. O êxito de um primeiro tratamento medicamentoso é maior que 60%; os pacientes não-responsivos vão seguindo um fluxo de tratamento de várias etapas, sendo que no total a eficácia do tratamento é maior que 90%. A descoberta dos antidepressivos foi o marco dos mais importantes na atenuação ou mesmo eliminação deste quadro clínico, prevenindo suicídios, evitando a diminuição da capacidade laboral e mesmo corrigindo seu impacto nas relações pessoais e familiares.

Atualmente, no Brasil, são disponíveis cerca de duas dezenas de substâncias antidepressivas, continuando o desenvolvimento de pesquisas e estudos para que novos antidepressivos, mais eficazes e com menos efeitos colaterais passem ser incluídos nas prescrições médico-psiquiátricas, resultando na recuperação da população afetada, que exibe sofrimento muitas vezes exuberante.

A ideia mais importante que desejamos transmitir é a necessidade de tratamento, uma vez que dispomos hoje de um elenco considerável de opções farmacológicas eficazes, que terão maior êxito ainda quando combinadas com tratamentos psicossociais (por exemplo psicoterapias), que tanto favorecem a plena recuperação de nossos doentes.

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Consequências da Depressão

A Organização Mundial da Saúde (OMS) com grande frequência, alerta sobre uma das grandes tragédias do mundo atual, a Depressão; esta é uma condição neuropsicobiológica bastante grave e muitas vezes menosprezada. Atinge cerca de 18% da população, sendo mais frequente em mulheres. Pode se manifestar em todas as idades e condições sociais. Transtornos depressivos estão entre as mais frequentes causas de mortalidade, de prejuízos sociais, econômicos e da própria saúde física. Esta coluna procurará delinear algumas das suas principais consequências.

Suicídio é a primeira delas; cerca de 15% dos deprimidos graves que não se tratam acabam com tentativa de suicídio. Esta é a maior causa de morte na população entre 15 e 24 anos, no mundo todo. Todo dia, no Brasil, são 24 pessoas morrem por esta causa.

Depressão entre grávidas e mulheres logo depois do parto mostram consequências tanto para a mãe como para a criança. Mães com Depressão costumam apresentar maior insegurança, períodos menores de aleitamento, desinteresse pela criança, medo de ficarem a sós com o bebê e, mais tarde, serem mais intrusivas na vida de seus rebentos, além de ter maior risco de novas e graves Depressões durante a vida. Crianças de mães deprimidas têm prejuízos cognitivos e emocionais até a vida adulta: risco aumentado de problemas no desenvolvimento, maiores índices de Transtornos de Conduta, de comprometimentos da saúde física, de dificuldades nas relações interpessoais e taxas mais robustas da própria Depressão (a partir de cinco anos de idade). Têm, ainda, mais problemas de atenção, dificuldades em matemática e quocientes de inteligência mais baixos.

crianças e adolescentes deprimidos estão em risco de problemas de relacionamentos (como isolamento da família e de amigos) resultando em potencial para estabelecer futuras relações negativas ou abusivas e, em adolescentes, há maior chance de apresentar comportamentos perigosos (como dirigir veículos sem segurança), vandalismo ou desrespeito às regras, acarretando problemas legais. Sintoma comum é o declínio ou fracasso acadêmico.

Perdas econômicas são consideráveis: morte prematura, absenteísmo e redução de produtividade no trabalho. Em nosso País é uma das quatro principais doenças que levam ao afastamento laboral, responsável por quase 62 mil licenciamentos médicos pelo INSS e nos EUA representam custo de 43 bilhões de dólares anuais.

Suas consequências físicas são ainda mais expressivas. Cérebros deprimidos mostram redução de atividade e de volume (redução de 8-10% do hipotálamo). Pacientes com câncer e deprimidos possuem menor sobrevida e pior qualidade de vida. Outros comprometimentos são maior risco para desenvolver diabetes e aumento do risco de mortalidade por causas cardíacas (quatro vezes maior).

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